Enfrentando desafios extremos pelo Bem Comum

 Estimular a solidariedade e a cidadania;
inspirar jovens e adultos a alcançarem
seus projetos de vida.
 

Praticar o lema da Outward Bound (to serve, to strive and not to yield; servir, agir com foco e determinação e não desistir) é uma vocação. E uma enorme responsabilidade. É comum que nossos (as) instrutores (as) incorporem a causa e a espalhem em seus campos de atuação. Tocando demais projetos, disseminam assim a aprendizagem experiencial (e todo o seu impacto) nos contextos que mais os conectam.

Clesio Sabino impulsiona esse movimento à frente da Associação Bem Comum. Especialista em educação, ele atua como diretor-executivo da organização que trabalha desde 2005 oferecendo processos educativos para desenvolvimento humano e integral das pessoas.

Um dos projetos de destaque é o Trilheiros do Saber, coordenado pela mestra em educação Carol Ferigolli: um programa permanente da Bem Comum atendendo adolescentes da zona sul de São Paulo em situação de acolhimento e alta vulnerabilidade social.

Diante de imensos desafios, o Trilheiros gera oportunidade dos participantes se apropriarem de saberes socioculturais, reelaborar suas experiências e visões de mundo e se reposicionarem quanto às inserções socioprofissionais.

Em meio a um dos momentos mais desafiantes dos 15 anos de Associação – muitos dos participantes são jovens que vivem em abrigos ou comunidades na periferia paulistana – conversamos com Clesio sobre o cenário atual, ações de impacto e como você pode fortalecer essa causa.

Como você percebe o impacto das ações da Bem Comum na vida e no entorno dos jovens atendidos?

Temos uma ação de educação integral, envolvendo muita educação experiencial e acompanhamento psicopedagógico. Muitas atividades de grupo, muito fazer, processos de reflexão sobre o próprio desenvolvimento e responsabilização dos meninos e meninas como sujeitos de sua vida. Deixando claro que eles decidem coisas na vida.

O impacto é enorme quando cada um passa a se enxergar como sujeito, como um participe dos processos coletivos e da sua própria vida. Cada um sendo valorizado pelos outros como um membro do grupo e valorizado por si mesmo, se tornando agentes do processo. Neste momento que estamos vivendo fica muito forte o resultado positivo do processo educativo que desenvolvemos.

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Como tem sido o acompanhamento do projeto Trilheiros do Saber durante esse período? O que isso tem revelado para vocês como aprendizado?

Temos mantido contato com as equipes técnicas dos abrigos, já que os meninos e meninas não podem ter celular próprio e o acesso às redes sociais também é limitado. Eles estão fazendo algumas atividades educativas com os cuidadores, mas a vontade de sair é muito grande (ansiosos para voltar aos Trilheiros).

Visitamos os abrigos entregando cestas de alimentação emergenciais, então conseguimos ver alguns de longe e conversar com eles. Os que vivem com as famílias nas comunidades têm uma situação mais precária. Em muitas destas comunidades a pandemia ainda é uma lenda, e há pouco preparo e estrutura para enfrentá-la.

Todos reclamam de tédio e a tendência é não obedecer às recomendações. Estamos apoiando as famílias com tudo que a nossa rede possibilita, junto de alimentos, produtos de limpeza e higiene. Também estamos instruindo nos procedimentos, e isso já é um processo educativo e de mudança cultural.

O que tem norteado vocês nas tomadas de decisões atualmente?

Temos tomado as decisões dia-a-dia. Motivados pelas necessidades impostas e orientados pelo propósito do nosso trabalho. Um dia de cada vez. E de maneira muito dialogada em equipe.

Quais elementos da aprendizagem experiencial têm nutrido este momento de enormes desafios e ações emergenciais?

O trabalho em equipe, a divisão da liderança nos processos e o comprometimento com dimensões diferentes da ação. O processo de auto-desenvolvimento e a consciência de estar trabalhando na ampliação da sua própria zona de conforto.

Quais têm sido os principais desafios para manter a atuação da Bem Comum?

O nosso desafio maior nesse momento, como para a maioria das organizações sociais, está relacionado a recursos. Dependemos de doadores e editais. É grande a possibilidade de sofremos com a restrição na captação de recursos pelo impacto na economia. Tudo isso em um momento em que percebemos que a nossa ação social nas comunidades precisa ser ampliada. O cenário é bastante desafiador.

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O que mais te conecta e te motiva a seguir adiante na dedicação e no propósito da Bem Comum?

A Bem Comum foi uma organização fundada com a intenção de propiciar que pessoas difundissem o bem para todos que vivem em sociedade. Continuamos muito conectados a esse propósito original e, apesar desse momento ser dramático, temos conseguido exercitar isso ao máximo. Sentimos que há o desejo de outras pessoas de se comprometerem com mudanças e transformações, e estamos abertos, incentivando esse espírito e convocando quem quiser compor conosco.

Como apoiadores e interessados podem colaborar e participar?

Estamos com a campanha de arrecadação de recursos para a compra de cestas emergenciais e mantemos a nossa campanha de financiamento recorrente. Doar é uma maneira de nos apoiar. Divulgar as nossas campanhas também. Outra forma é nos conectar as redes que estão trabalhando e somando em prol de enfrentar todo esse cenário de maneira coletiva. Nesse momento todo apoio é fundamental.

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